Eu soube que sou amado
Em 1995, fui nomeado pároco no subúrbio de Charleroi.
Foi Iá que conheci Fé e Luz, com a comunidade do Rochedo. Era o meu único sopro de ar fresco diante de circunstâncias bem difíceis. Eu não conseguia dar conta disso e sentia minha vocação sacerdotal vacilar. Em 2000, comecei a entrar em depressão. Fui, então, transferido para outra paróquia. Queria ir embora discretamente, mas o padre que morava comigo me disse: “ Você não pode ir embora deste jeito. Há pessoas que gostam e se importam com você.”
Num domingo à tarde, meus paroquianos organizaram uma despedida. Os membros de Fé e Luz estavam lá também, inclusive Bento. Foi ele quem me tocou e transformou tudo. Bento simplesmente me abraçou e sorriu. Vi seu olhar radiante. Naquele exato instante, senti que era amado, justamente quando nem eu mesmo me amava. Através daquele gesto e daquele olhar, vi que era importante para alguém. Aquilo durou apenas uma fração de segundo, mas este momento fugaz me trouxe de volta. Este tipo de contato só vivo em Fé e Luz. Esta relação é gratuita da ordem do amor. Posso entrar com minhas deficiências, e a primeira delas é a da relação, pois não tenho confiança em mim mesmo.
Todos temos nossos limites, mas somos fundamentalmente humanos, à imagem de Deus. Em Fé e Luz, há algo de miraculoso. Sinto-me em outro lugar; o humano tem primazia sobre a estrutura. As pessoas com deficiência colocaram de volta a humanidade em minha vida. É o caminho do Evangelho que transforma o homem. Fé e Luz retomou o que estava na origem de minha vocação: as questões que dizem respeito ao homem, mais do que as que dizem respeito à liturgia ou culto. O que as pessoas dizem antes de tudo é: “ eu amo você; você tem valor aos meus olhos”.
E não é porque você é pároco, isso ou aquilo. Basta estar aqui,
“preciso de sua amizade e lhe dou a minha”.
Fé e Luz ensinou a acolher, porque eles me acolheram como eu sou.